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Especialistas acreditam que o Relato Integrado pode auxiliar na retomada do crescimento econômico

Por Rafaella Feliciano
Comunicação CFC – Cobertura especial do XII ENMC

Relato Integrado é uma forma de as companhias apresentarem seus relatórios, acrescentando informações que vão além das contábeis e financeiras, com objetivo de dar mais transparência às organizações e, assim gerar mais valor a elas. O assunto foi tema, nesta quinta-feira (12), do segundo dia do XII Encontro Nacional da Mulher Contabilista, que acontece em Porto de Galinhas (PE).

O presidente da Federação Internacional de Contadores (Ifac, sigla em inglês), In-Ki Joo, iniciou o debate explicando que o RI busca uma interação mais consistente, sem contradições, entre a teoria e a prática nas organizações. Para ele, o efeito desse novo modelo gera um “pensamento integrado”, otimizando as estratégias de negócios que resulta em mais confiança aos mercados financeiros globais.

“Pensar de forma integrada é o primeiro passo para uma gestão eficiente. Assim, o relato nada mais é que uma forma de unir informações contábeis, financeiras e de desempenho, com o objetivo de dar mais transparência e agregar valor aos relatórios”, explicou.

De acordo com Joo, a medida pode auxiliar a retomada do crescimento econômico mundial e, por isso, ele informou que em junho a Ifac elaborou e emitiu um documento com recomendações ao G20 – grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo incluindo a União Europeia – e, entre as medidas, está a orientação para que os países busquem a adoção do Relato Integrado para o crescimento inclusivo das nações.

O relato integrado foi criado pelo International Integrate Reporting Council (IIRC), uma aliança internacional de reguladores, investidores, empresas, organismos de normalização, profissionais de contabilidade, Organizações não Governamentais, entre outros. A adesão das empresas é feita de forma voluntária. Cerca de 1.700 companhias já utilizam o RI em todo o mundo. No Brasil, são mais de 120 organizações.

Para Joo, o próximo desafio é trabalhar um modelo de auditoria que certifique a eficiência dos relatórios com base no RI. Ele também informou que, em 2020, a Federação Internacional dos Contadores deve publicar orientações mais específicas sobre o assunto. “Discutir esse assunto no Brasil é um privilégio, já que o País é líder na adoção do Relato Integrado na América Latina. Assim, podemos utilizar experiências práticas que podem nos apontar resultados positivos e, também, nos trazer novos desafios, como é o caso da adoção do Relato Integrado pelas pequenas e médias empresas”, ressaltou.

A adoção do RI no Setor Público

O Tribunal de Contas da União (TCU) adotou o Relato Integrado (RI) no final do ano passado para todas as unidades da Administração Pública Federal, com o intuito de que a alta administração demonstre à sociedade como as estruturas de governança funcionam para mobilizar recursos visando alcançar os seus objetivos.

Para falar sobre o assunto, participou do encontro, o secretário de Controle Externo da Fazenda Nacional , do Tribunal de Contas da União (TCU), Thiago Dutra, que explicou a proposta do TCU e disse que o maior objetivo é representar resultados que atendam de forma efetiva e útil às demandas da sociedade, ou seja, que criam valor público.

Segundo ele, o modelo anterior de prestação de contas não era mais útil para a tomada de decisões. Relatórios grandes, com foco em processo e não em resultados não mostravam o que, de fato, era realizado na prática. “Agora, com o modelo de RI, os relatórios são menores, com destaque para os resultados que apresentam uma visão integrada, incluindo estratégias de comunicação que alinham o desempenho com as informações contábeis e financeiras”.

De acordo com a Decisão Normativa TCU nº 170/2018, todos os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem preparar e apresentar seus relatórios integrados. “Temos um grande desafio de recuperar a confiança da população brasileira que, hoje, no setor público, é baixíssima. E devemos começar pela prestação de contas que não interessa só ao TCU, mas, principalmente, à sociedade”, completou.

Conexão da informação financeira e não financeira

“Como contadora, durante muito tempo, pensei que informação financeira era o que precisava para a transparência das empresas. Mas descobri que é necessário muito mais. Está na hora de eliminarmos os muros entre relatórios financeiros e não financeiros”, disse Vânia Borgerth, superintendente da área de Controladoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), integrante da aliança International Integrated Reporting Council (IIRC) e, também, é coordenadora da Comissão Brasileira de Acompanhamento do Relato Integrado (CBARI).

A profissional completou o time de especialistas sobre o Relato Integrado e disse acreditar que o desenvolvimento econômico sustentável pode ser retomado com a mudança de comportamento das empresas. “Reportar é bom porque, para isso, é preciso olhar para dentro. E é no interior do empreendimento que eu encontro as minhas expertises e os meus problemas”, afirmou.

Vânia disse que o Relato Integrado é importante, pois acaba com os chamados ‘’silos’’, em que cada unidade de negócio gera a sua parte do relatório sem saber e sem se comunicar com as outras partes, resultando em documentos chamados ‘’colcha de retalhos”.

Em concordância ao presidente do Ifac, In-Ki Joo, Vânia disse acreditar que o próximo passo é encontrar formas eficientes para a realização de auditorias. “O efeito dessa auditoria é a garantia de que a interação pode nos trazer relatórios mais consistentes, sem contradições, sem redundâncias e com mensagens construídas de forma lógica e facilmente assimilada’”.

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