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Palestra do seminário dos 75 anos do CFC apresenta o novo perfil do profissional da contabilidade

Por Lorena Molter

Comunicação CFC/Apex

A palestra “Passado, presente e futuro da profissão” encerrou as exposições virtuais do seminário comemorativo do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que celebrou os 75 anos da sua criação e da regulamentação da profissão contábil. O presidente da Trevisan Escola de Negócios e indicado à Medalha Mérito Contábil João Lyra, contador Antoninho Marmo Trevisan, apresentou o tema, que englobou a história e os próximos passos da profissão. A moderação da aula foi realizada pelo presidente do CFC, contador Zulmir Breda. A palestra aconteceu nesta quinta-feira (27) e foi transmitida pelo canal do CFC no YouTube.

Com mais de 50 anos de profissão, o contador, professor, auditor e consultor de empresas apresentou a caminhada histórica da contabilidade e o seu desenvolvimento. O palestrante iniciou as suas palavras aproximando a contabilidade da arte.  Trevisan mencionou uma biografia de Leonardo da Vinci e destacou que um dos capítulos do livro era dedicado ao frade franciscano e matemático italiano, Luca Pacioli, considerado o pai da contabilidade. O contador destacou que Pacioli e da Vinci eram amigos e que o artista aprendeu a trabalhar com geometria e com números com Luca. Em função disso, quis retribuir ao amigo. “Ele presenteou Luca Pacioli com 60 desenhos. Foi a única vez que Leonardo da Vinci fez ilustração para um livro. Um livro daquele que foi o responsável por registrar as partidas dobradas em 1494”, contou Trevisan ressaltando a história e a relevância da profissão.

Outro artista lembrado pelo professor foi o poeta português Fernando Pessoa. “Me intriga porque Fernando Pessoa, um poeta aclamado no mundo inteiro, considerado um dos maiores poetas da história universal, escreveu ‘duas coisas só me deu o destino: uns livros de contabilidade e o dom de sonhar’, isso lá em 1926. Mais recente, eu descobri uma outra dele, justificando porque se voltou para a contabilidade, lá nos anos 20 em Lisboa. Ele disse: ‘A poesia, só poesia, me enlouqueceria e aí eu fui buscar a contabilidade para lidar com a realidade dos fatos, para pôr os pés no chão’, disse Fernando Pessoa”, citou Trevisan.

As cinco décadas de experiência profissional no mundo contábil foram retratadas ao longo da exposição. A partir de exemplos de situações que viveu ao longo da carreira, o professor foi ilustrando a importância da contabilidade. Uma dessas histórias ocorreu em uma das edições do projeto Quintas do Saber, iniciativa da Academia Brasileira de Ciências Contábeis (Abracicon) em parceria com o CFC. Na ocasião, Trevisan disse ter lembrado o quanto os contadores contribuíam para a arrecadação brasileira, a partir de suas atividades. “O pessoal diz que quem pode parar o Brasil são os motoristas de caminhão. Eu digo: quem pode parar o Brasil são os contabilistas. Imagine se essa comunidade parar de cuidar da arrecadação tributária? Isso sim, para o Brasil. Mas nós não fazemos isso. Somos leais com o trabalho que temos pela frente”, afirmou.

Atualidade

Por meio de outra lembrança, Trevisan recordou de uma das edições do Congresso Brasileiro de Contabilidade (CBC), realizado em Belém (PA), do qual o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, participou. Segundo o contador, na ocasião, a autoridade americana destacou, aos contadores que participavam do evento, que eles deveriam cuidar muito mais das externalidades, ou seja, olhar para o ambiente externo, para o contexto no qual estavam inseridos.

Sobre essa orientação, Trevisan destacou a conclusão à qual chegou. “Hoje, mais do que antes, elas [as externalidades] são fundamentais para as corporações”, pontuou. E destacou a ESG, a sigla que se refere a Environmental, Social and Governance. “O tempo todo, a gente só fala de ESG ou de ASG, é o ambiental, o social e a governança. Isso é papel nosso, dos contadores. Nós é que temos a ver com isso. Nós não podemos deixar escapar o que deixamos ao longo da história”. E afirmou: “A nossa capacidade de resolver problemas transcende, e muito, o exercício como somos vistos.” O professor ressaltou que a classe precisa compreender que suas atividades vão muito além do trabalho de recolher impostos, ainda que esse seja um trabalho importante.

O palestrante ainda salientou que os profissionais tenham uma postura proativa. “A arte de gerar valor, meus queridos colegas, é a gente ir ao encontro do problema do cliente, recuperar esse problema e levar a ele uma solução”, convocou os profissionais.

Futuro

“Eu não posso morrer abraçado com o passado. O passado é importantíssimo para a gente honrar quem fez tudo, o que fez para a gente chegar até aqui, mas eu não posso ficar vivendo do passado e repetindo o passado”, enfatizou.

O professor explicou ao público que o investimento em tecnologia, no mercado de trabalho, nos escritórios e na formação dos estudantes, é fundamental. Para Trevisan, “ir para o mundo digital é um desafio que precisa ser perseguido”.

O palestrante também esclareceu e alertou o público que a contabilidade acompanha a história e o perfil do mercado, bem como responde às demandas econômicas, sociais e políticas. E afirmou que os escritórios serão digitais e que a contabilidade estará focada no aconselhamento estratégico dos clientes, com linguagem adequada ao Brasil e ao exterior.

O professor percorreu a história da contabilidade e expôs as principais características e focos da profissão de acordo com a realidade econômica e social do país. Chegando aos dias atuais, o panorama contábil passou a estar alinhado ao mercado e ao cenário internacional, com uma linguagem padrão e possível de ser lida além-fronteiras.

Já o presidente do CFC, Zulmir Breda, ressaltou a transparência e a integridade como fatores presentes na contabilidade e determinantes para a sustentabilidade econômica. “A nossa ciência é a ciência da verdade. Hoje, ela também é reconhecida e conhecida como a ciência da transparência e, acima de tudo, eu diria que ela é também a ciência da integridade. O que nós produzimos, o que nós devemos produzir são informações íntegras, verdadeiras, porque é isso que leva a confiança para o mercado. Informações íntegras, verdadeiras e com total transparência, o disclosure, é o que leva a confiança para o mercado. E o mercado vive de confiança. Mais do que nunca, o mercado precisa de confiança para que os negócios aconteçam, para que eles tenham honestidade de propósitos nos negócios”, esclareceu.

Outro ponto enfatizado por Trevisan foi a necessidade de transformação dos escritórios de contabilidade e a adoção da inteligência artificial e das novas tecnologias. O professor salientou o perfil do novo profissional. “Nós ficamos agora com a parte mais relevante da contabilidade que é a análise de dados”, concluiu.

Para assistir ao seminário comemorativo, clique aqui.

Foto: Samuel Figueira

 

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